Socialismo

Terceiro de uma série de artigos sobre ideologias.

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Dando sequência a nossa série de ideologias, gostaria de neste trabalho tratar sobre o Socialismo, ideologia advinda principalmente do pensamento marxista e herdeira do liberalismo. O socialismo defende que a sociedade tem mais direitos que o indivíduo, assim todos os esforços são feitos para que exista uma igualdade entre as pessoas, destruindo as classes e utilizando como medida o materialismo.

Num regime socialista temos como característica marcante a presença reguladora do Estado por se tratar de um ensaio para o totalitarismo. O Estado regula a política, a economia e a vida social. Que fique claro que afirmei que é apenas um ensaio para o totalitarismo, pois o socialismo realmente totalitário pode ser chamado de comunismo. Mas esse é assunto para um próximo trabalho desta mesma série.

Como já foi introduzido acima, o socialismo busca uma igualdade baseada no materialismo, e como produto dessa medida temos, num pensamento socialista, que o pior problema é a desigualdade social. Teoricamente, o propósito do Socialismo é deixar todos na mesma situação, mas como é impossível deixar ricos todos os pobres e é bastante interessante deixar pobres todos os ricos, pois assim os bens dos ricos irão para o Estado. No Socialismo todos são iguais: igualmente miseráveis. Enquanto que o Super-Estado é cada vez mais poderoso.

“O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja.
Seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria.” Winston Churchill

Nesta ideia de deixar todos pobres, o Socialismo prega o fim da propriedade privada, pois assim não haverá um proprietário que detém os meios de produção, e sim todos. Todos ou o Estado? Com as propriedades estatizadas, supostamente, haveria a distribuição igualitária da riqueza, logo não existiriam os exploradores, nem os explorados. Cada um trabalhará o tempo que lhe convém e como suas necessidades exigem. Essa é a sociedade ideal socialista.

Como toda ideologia, esta também tem métodos e meios de implantação, entretanto a liberdade para alterar a maneira de agir é algo peculiar. Nos países do Leste Europeu, na antiga URSS, em Cuba, o Socialismo se instalou por meio de revoluções violentas e era um regime ditatorial. Todavia na maioria dos países o Socialismo se instala silenciosamente pelo parlamento e pela cultura do povo. “Façamos todos comunistas depois instalamos a revolução”, eles pensam.

Observamos no livro “A República” Platão propondo um modelo socialista de sociedade: o guerreiro deveria ser desapegado de sua terra e lutar pela coletividade. Acontece que Platão era teórico apenas, assim ele tinha as ideias, mas não as coloca no mundo sensorial. O que muitos de nós escutamos na filosofia do ensino médio, “O mundo das ideias”.

No livro “Utopia” do século XV percebemos também a descrição de uma sociedade igualitária aos moldes do socialismo: todos produzem nas propriedades do Estado, depois depositam tudo em um armazém comum, onde quem quiser e tiver necessidade pode retirar os produtos. Noutro livro agora do século XVI, “Cidade do Sol” existe também a descrição dessa sociedade, agora com mais detalhes: diz-se de uma sociedade sem propriedade privada e sem a ideia de família, isso mesmo, o Estado escolhe as pessoas para terem relações sexuais depois os filhos frutos das relações são educados pelo próprio Estado.

Durante os séculos foram se juntando essas ideias até que elas se viram concretizadas num dos ideais da sangrenta Revolução Francesa: Égalité. Rousseau, como embasador teórico dessa revolução, defendia a igualdade a tal ponto que afirmava que haviam fundamentos do messianismo ideológico da revolução.

Posso citar ainda exemplos de pessoas que no socialismo pré-marxista fracassaram. Farei isso com o apoio do Dicionário de Política de José Pedro Galvão de Souza. São eles: Robert Owen, que defendia o princípio ricardiano, “o trabalho é a fonte de toda riqueza”; François Marie Charles Fourier, que propôs o falanstério, onde todos trabalham para todos e tem para si o mínimo necessário para a existência; Etienne Cabet defensor da “Cidade Socialista”, que defendia inclusive que todos deveriam usar roupas idênticas; Saint-Simon defendia a propriedade coletiva e que não existisse diferenças entre o empresário e o empregado; Pierre Proudhon, também foi influente teórico do anarquismo, defendia a harmonia entre o individualismo e o coletivismo, dizia que a propriedade é um roubo.

Isso tudo que foi descrito até aqui chamamos “socialismo utópico”, pois assim nomearam os marxistas. Um socialismo apenas de ideias que não poderia dar certo. Agora passaremos ao “socialismo científico”, inaugurado em Karl Marx.

Nesta fase o socialismo vai entrar nas sociedades e estará em constante transformação. Teremos o socialismo real, liberal, democrático e até cristão – apesar de o cristianismo se opor duramente ao socialismo, os socialistas usam-se de temas religiosos nessa fase.

Isso ocorre pois essa ideologia trabalha com a dialética – tese, antítese e síntese –, portanto está sempre em movimento, então o que é síntese agora daqui um tempo será tese, deste modo o socialismo vai se perdurando, vestindo as camisas da moda.

Por ser essa a fase de testes do socialismo, sempre vamos ver ao fim de uma ditadura como vimos no fim da URSS. A desculpa é que a interpretação do Socialismo que foi errada, e a culpa não é propriamente da ideologia. Assim novas gerações serão convencidas de que o socialismo é bom e que vale a pena lutar pela sociedade ideal.

Gostaria de deixar aqui ainda dez passos deixados no “Manifesto Comunista” de Marx e Engels para se implantar nos países que já são desenvolvidos:

”Para os países mais desenvolvidos, contudo, as seguintes medidas poderão ser postas em prática de uma forma um tanto geral:

  1. Expropriação da propriedade fundiária e emprego da renda fundiária para despesas estatais.
  2. Pesado imposto progressivo.
  3. Abolição do direito de herança.
  4. Confisco da propriedade de todos os emigrantes e insurrecionados.
  5. Centralização do crédito nas mãos do Estado através de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo.
  6. Centralização do sistema de transportes nas mãos do Estado.
  7. Multiplicação das fábricas nacionais, dos instrumentos de produção, arroteamento e melhoria, segundo um plano comunitário, de grandes extensões de terra.
  8. Obrigatoriedade de trabalho para todos, constituição de exércitos industriais, especialmente para a agricultura.
  9. Unificação dos setores da agricultura e da indústria, atuação no sentido da eliminação gradual da diferença entre cidade e campo.
  10. Educação pública e gratuita para todas as crianças. Eliminação do trabalho infantil em fábricas na sua forma atual. Unificação da educação com a produção material etc.”

Podemos fazer observações gerais agora. O primeiro lugar a ser implantado o Socialismo foi a União Soviética, o que para Marx não fazia sentido, pois era uma região pobre e de trabalho nos campos, a região ideal era industrializada. Outro ponto é que não foram seguidos todos os padrões para implantação socialista em nenhum dos países, havia sempre modificações ou pulavam-se etapas, justamente por ser um sistema de lunáticos, ou seja, impossível de ser implantado na realidade. Um terceiro ponto ainda é que para Marx o Estado deveria ser grande, mas depois destruído, chegando a uma sociedade sem Estado. Isso nunca aconteceu sempre o Estado se torna grande e se mantém totalitário, se o Estado cair a ditadura também cai.

Alguns pensam que Socialismo e Comunismo são a mesma coisa, ou que se misturam, mas o que defendemos é que o Socialismo abre as portas e dá lugar ao Comunismo.

Findamos mais este trabalho com a sensação de que muito ainda poderia ser dito, entretanto para não cansar o nosso leitor, como se trata de uma série o damos por encerrado.

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