LONDRES: Uma operação estratégica dos Estados Unidos eliminou nas primeiras horas da sexta-feira (03/01) em Bagdá, no Iraque, o general iraniano Qassem Soleimani, líder da Força Quds, uma unidade especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica do Irã – classificada pelos Estados Unidos como organização terrorista.
A escalada nas tensões na região é fruto da empreitada de milícias iranianas que visam exercer uma maior influência política no mundo islâmico desde a invasão do Iraque em 2003 – após o fim do regime do regime de Saddam Hussein.
O objetivo principal das milícias xiitas envolvidas neste confronto é o estabelecimento no Iraque da Velâyat-e Faqih, o sistema de governança jurídica islâmica, transformando o Iraque em uma República Islâmica sob a supervisão dos Mulás – os guardiões da jurisprudência muçulmana –, aos moldes do regime teocrata operante no Irã.
Os milicianos exigem a saída dos americanos da região, já que estes representam o maior obstáculo para a implementação de seus projetos de poder em uma região completamente desestabilizada pela guerra.
Ataques contra as tropas americanas tornaram-se cotidianos. De acordo com o Departamento de Estado Americano, o general dos Quds morto, Soleimani, é responsável por pelo menos 17% de todas as mortes de soldados americanos durante a Guerra do Iraque. Ataques recentes motivaram a reação americana.
No último 27 de dezembro um míssil atingiu uma base militar nas proximidades de Kirkuk, deixando morto um soldado americano e ferindo gravemente outros tantos – o número oficial não foi divulgado. Os Estados Unidos retaliaram no dia 29, com ataques aéreos contra a milícia Kataeb Hezbollah – ligada ao grupo conhecido como Mobilização de Forças Populares, ou PMF, na sigla em inglês – apoiada pelo Irã, eliminando pelo menos 25 membros rebeldes xiitas.
A tentativa de invasão da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, por parte dos milicianos no último dia do ano, trouxe apreensão de que se repetisse o trágico ataque terrorista contra a embaixada americana em Bengasi, na Líbia, ocorrido no ano de 2012 durante o governo do ex-presidente Barack Obama, que vitimou quatro servidores americanos no estrangeiro, dentre os quais o embaixador americano J. Christopher Stephens.
Do lado de fora da embaixada em Bagdá grupos rebeldes gritavam “Morte à América”, “Morte a Israel”, além de depredarem o edifício. Um acompanhamento chegou a ser montado do lado de fora do prédio. Centenas de milicianos xiitas conseguiram adentrar o recinto da embaixada, destruindo portas e incendiando uma recepção, entretanto não há relatos de vítimas.
Temendo uma reprise das cenas barbáricas de Bengasi, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump agiu rapidamente para resguardar a vida dos servidores da embaixada, enviando uma tropa militar de reforços com 750 soldados, além de colocar outros 3 mil prontos a serem enviados.
Segundo o Departamento de Estado Americano, o general Qassem Soleimani foi o responsável por coordenar os ataques contra a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, o que resultou na resposta imediata das forças militares americanas. Além de Soleimani, morto por um ataque de drone minutos depois de aterrissar no Aeroporto Internacional de Bagdá, os Estados Unidos eliminaram também Abu Mahdi al-Muhandis, comandante do PMF e fundador da milícia Kataeb Hezbollah e outras seis pessoas.