Sabe aquele assunto polêmico, sobre o qual um candidato nunca deveria falar durante uma campanha política? Então… Como sou idiota, vou falar mesmo assim.
“Fundão Eleitoral” se tornou um argumento de campanha política: “Eu não uso fundão!” Para os eleitores, que veem o suado dinheiro dos impostos sendo usado para fazer propaganda política, é uma sentença maravilhosa de ouvir; mostra que o candidato tem “respeito” pelo dinheiro público. Mas, em essência, existem dois grandes erros nisso.
Primeiro: No meu caso, por exemplo, que concorro a vereador numa cidade do interior de Minas Gerais, mesmo que o partido use recursos do “fundão”, o dinheiro não chega. Até o pagamento de contador e advogado, que são obrigatórios na campanha, saem do bolso do candidato. E estou falando de um município polo regional; a maior cidade do Sul de Minas. Imaginem, então, nas menores.
Segundo: Dinheiro do fundão é do fundão! Aqui voltamos para a tecla que eu sempre bato: “O sistema é dureza, parceiro!” Quando a “direita limpinha” recusa o dinheiro do fundo eleitoral, este dinheiro é redistribuído entre os que não recusam. Ou seja: São mais recursos nos bolsos dos adversários, fortalecendo suas campanhas e aumentando as suas chances na disputa.
Imaginem que, em um duelo à moda Velho Oeste, um herói orgulhoso recusa a arma oferecida pelo juiz, preferindo ficar com a sua faca contra o revolver do oponente. Pode até dar certo em algum faroeste spaghetti, com trilha sonora do Ennio Morricone. Mas na vida real, onde o atirador não é um personagem do Clint Eastwood, com certeza o orgulho seria a sentença de morte para o competidor. É exatamente o que a “direita” está fazendo!
O Fundo Eleitoral tem que acabar! Isso é um fato inquestionável. Dinheiro público financiando campanha política é uma imoralidade. Mas a única possibilidade disso acontecer é com pessoas honestas chegando ao Congresso Nacional e mudando a atual legislação, que proíbe inclusive doações de pessoas jurídicas. Uma demagogia sem tamanho.
O sistema só muda de dentro pra fora. Ou entramos nele e, uma vez dentro, o usamos contra ele próprio, ou continuaremos sendo somente sonhadores indignados, repletos dos mais nobres ideais, reclamando que o Estado aparelhado não nos dá espaço.
Precisamos de mais estômago e menos utopia!
“Ninguém se lembraria do Bom Samaritano se ele só tivesse boas intenções. Ele possuía também dinheiro.” (THATCHER, Margareth)